terça-feira, 27 de junho de 2017

Porque devemos todos ser feministas

Versos/Prosas e Favela | Por Adriana de Carvalho Medeiros
Apesar da instituição da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), da Lei do Feminicídio (Lei 8305/14) e de diversos dispositivos como surgimento da Delegacia da Mulher, os índices continuam crescendo alarmantemente mostrando a cultura de terror a que são submetidas um número considerável de mulheres em todos país. 
O dia 8 de março, dia em que se comemora Dia Internacional da Mulher, entretanto, no Brasil não temos muito o que comemorar. O balanço realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República em 2016, indica que o Brasil continua sendo país campeão em violência contra a mulher. Em 2015 foram registrados a partir do Ligue 190 um total de 63.090 denúncias de agressões. Destes, o grupo mais afetado refere-se a mulheres negras que correspondem a 58,55% do total das denúncias realizadas. Fazem parte deste registro violência física, violência psicológica (30,40%), violência moral (7,33%), violência sexual (4,86%) e até mesmo 3.071 denúncias de cárcere privado (1,76%).
Estes dados se tornam mais assustadores ao levarmos em consideração que 85,85% dos casos se referem a violência doméstica e familiar, e que das 77% das mulheres que são mães e em 80% dos casos os filhos assistiram ato de violência ou mesmo, foram expostos a violência familiar. Neste sentido, alertamos que o número pode ser muito maior se levarmos em consideração que um grande número de mulheres continua não registrando queixa contra seus agressores por diversos motivos: ameaças, dependência afetiva e financeira, tortura psicológica, etc.
Importante notar que apesar de termos avançado muito quanto a compreensão da importância da mulher na sociedade atual e seus direitos, ainda existe muito a se conquistar. As mulheres ainda integram grupo considerado “minoria” que é discriminado e violentado cotidianamente por uma cultura que ainda guarda ranços de uma sociedade patriarcal e autoritária onde mulheres e escravos eram considerados objetos sem direitos e vontade própria. Diferentemente do machismo que mata todos os dias, o feminismo a partir da denúncia da cultura machista e violenta tem contribuído para salvar vidas. E os índices continuam demonstrando que é necessário defender e preservar a integridade fisica, moral e psicológica das mulheres no Brasil. Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República/ Atlas da Violência 2016.

Adriana é professora universitária, ativista, mestra e doutorando.

O projeto - Versos/Prosas e Favela | foi idealizado por Zé da Cufa que é Presidente Estadual da Cufa Paraná, psicólogo, pastor e ativista em favor de reflexões e ações de combate aos excluído e marginalizados.
E-mail: jose.cufaparana@gmail.com

2 comentários:

  1. Nós continuamos sendo torturadas.... Mas não nos calaremos.

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  2. É uma triste realidade que já chamou atenção internacional. Eu já li mais ou menos três artigos no New York Times sobre o que a autora desse artigo relata muito bem. Espero que as mulheres e homens no Brasil venham se unir cada vez mais contra atrocidades que vêm tirado a vida de mulheres, vítimas do machismo exacerbado que não deixa de ser uma doença. Um crime. Um culto. Uma estupidez.

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