domingo, 23 de julho de 2017

Sobreviventes da selva de pedra

Versos | Prosas - Por José Antonio C. Jardim
Alguns anos atrás, a favela – ou os moradores das favelas – eram responsabilizados pela maioria das desgraças sociais ocorridas. A própria palavra “favela” era evitada até por alguns moradores. Assumir que era morador de favela lhe renderia alguns rótulos, pois algumas pessoas acreditam que parte das mazelas (violência, drogas, assassinatos e outros) ocorridas na sociedade por culpa dos “favelados”. Nota-se que o preconceito em relação ao território e seus moradores em parte são propagados pela desinformação.
Favela Tiradentes - Curitiba - Arte Francês e alunos
Desta forma, foi-se o tempo em que a favela era reduto de baixa renda. Uma radiografia desses territórios recém lançada tem mostrado a nova favela brasileira. E, ao expor o ressurgimento dos anônimos para o seu devido lugar na cadeia de produção e consumo. Nos leva á reflexão não só do território geográfico, mas ao que atribui-se. Os avanços financeiros podem ser visto no livro Um país chamado favela, escrito por Celso Athayde (fundador da Central Única das Favelas) e Renato Meirelles (presidente do Data Popular). Eles demonstrada por A+B á evolução financeira das favelas, desmistificando toda estigma de pobreza atribuído á favela. Isto nos leva também á reflexão que estes territórios não são o únicos e exclusivos reduto propagador de mazelas sociais.
As favelas não é e nunca foi o berço da violência no Brasil como também não é o berço da pobreza ou da bandidagem. A pesquisa feita com 2 mil moradores de 63 favelas brasileiras demostra que a classe média dobrou de tamanho nas comunidades e a média salarial é de R$ 910 reais, metade das casas tem tevê de plasma ou de LCD, computador e micro-ondas. Um território consumidor que em comparação aos países como Paraguai e Bolívia tem um maior consumo e giro financeiro. Com população estimada em 12 milhões de pessoas e um giro de 56 bilhões e se fosse um estado brasileiros, seria maior que o Estado do Paraná.
Observa-se que as favelas evoluíram – não só financeiramente, culturalmente e socialmente, mas em todos os sentidos. Para Preto Zezé, Presidente da Cufa Brasil, “o acesso à economia tirou as favelas brasileiras do papel de coadjuvantes da sua própria história; são protagonistas, peças-chave do processo de desenvolvimento. Hoje, não cabe mais este discurso generalizado. Os moradores de favelas não aceitaram mais ser coadjuvantes da própria história e nem ser subprodutos de atravessadores, somos protagonistas da nossa própria história”. E, para Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas. “Na favela não há pessoas carentes, carente é como nos chamam, na favela há pessoas que produzem, trabalham e lutam por seus sonhos”. 
"Nos dias atuais em nossas favelas as pessoas não se permitem mais ser “buchas”, pautadas por lutas alheias. Queremos a cada dia sair do estado de invisibilidade, cansamos de empunhar bandeiras alheias que não nos representa, agora lutam pelos nossos próprios interesses. As favelas tornaram-se autossustentáveis, os moradores não mais aceitam ser “ratos de laboratório”. Comenta Zé da Cufa - Presidente da Cufa Paraná. Não pactuam com o medo das contradições, dos rótulos; vamos à luta, transformam o estigma em carisma, o rancor em amor, não omitimos mais nossas fraquezas; ao contrário e é na fraqueza que nos fazemos fortes.
Hoje, podemos projetam nossa visão de mundo e nos fazemos presentes no discurso da vida pública. Não temos mais como olhar as favelas como o primo pobre da sociedade burguesa, mas sim como parte da sociedade. As favelas querem mais porque sabem que o passado não foi fácil, e, quando olham para o futuro, sabem que é possível fazer muito mais, não só pelas favelas, mas pelo país como um todo.
Este relato encontra-se disponível em outras mídias | Zé da Cufa - como é conhecido é ativista social, empreendedor social, produtor cultural, palestrante e é Presidente Estadual da Central Única das Favelas do Paraná. 

O projeto - Versos/Prosas e Favela | foi idealizado por Zé da Cufa que é Presidente Estadual da Cufa Paraná, psicólogo, pastor e ativista em favor de reflexões e ações de combate aos excluído e marginalizados. E-mail: jose.cufaparana@gmail.com

3 comentários:

  1. Muito bom!Parabéns pelo blog e pel Luta, sempre!

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  2. A força Cufa nos mobiliza a seguir em busca dos nossos objetivos.

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  3. Ótimo texto Ze. Como sempre traz reflexões que nos sensibilizam com a causa social

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