quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Favela - O lugar e o significado que ninguém quer ver


Versos | Prosas - Por Raíssa Silveira de Melo
O termo favela, se origina de uma planta com o mesmo nome que era comum nas áreas ainda não industrializadas das grandes cidades. A favela também é utilizada por religiões de matriz Africana para proteção, afastar o mal e trazer força. Favela também faz referência aos soldados baianos que lutaram na guerra dos Canudos em 1897 e não receberam o dinheiro prometido pelo governo e tiveram que improvisar suas vidas e moradias em regiões não atendidas pelas autoridades. 
Hoje falar favela, remete a um conjunto de casas pobres, pessoas com baixa renda e principalmente lugar violento e origem dos problemas de violência das grandes cidades. Mas favela não é origem, favela é consequência. fc(só é origem de quem nasceu lá, e sabe todos os valores, os corres de cada morador das favelas. Um salve pra todos os favelados do Brasil).
No conceito popular, falar de favela é falar de ausência, lugar destituído de infraestrutura urbana - esgoto, luz, água, escolas, unidades de saúde, coleta de lixo, ausência de direitos, ausência de leis, escolha de ausência do poder público. Mas falar de favela para comunidade favelada é falar de luta. É organização popular, é requerer direitos básicos de qualidade de vida e cidadania, é a luta pela ocupação do espaço urbano em conjunto com o direito social.
Favelas no Paraná - O Paraná possui 308 áreas de moradias caracterizadas como favelas ou áreas de invasão, distribuídas principalmente por 13 municípios do Estado. A maioria, 72,40% destes espaços urbanos ficam em Curitiba. São 223 favelas onde residem 162.679 pessoas divididas em 46.806 moradias. Ao todo, 217.223 paranaenses residem em 61.807 casas erguidas em áreas sem serviços básicos, segundo a Pesquisa Censo 2015 – Informações Territoriais: Aglomerados Subnormais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os dados do Censo, a média de moradores por residência nas favelas de Curitiba é de 3,5 pessoas. Essa é a mesma média nacional e também a do Estado. A maioria dos moradores das favelas, tanto brasileiras, quanto paranaense e curitibanas, é de mulheres.  Em Curitiba, são 82.368 mulheres para 80.311 homens. No Paraná a relação é de 109.701 mulheres para 107.522 homens e no Brasil, são 5.853.404 mulheres para 5.572.240 homens.  Os números refletem o censo demográfico que aponta um maior número de brasileiras no País. A faixa etária predominante nas favelas é de 20 a 29 e de 30 a 39 anos.
Em Curitiba e no Paraná as casas ou barracos estão próximos a rios, sob linhas de transmissão de energia, à margem de faixas de ferrovias, sobre aterros sanitários ou à margem de faixas de rodovia.
Outra forma de pensar a Favela - Favela é luta, mas não podemos esquecer-nos dos pontos positivos criados a partir da resistência. A identificação dos fatores positivos que estão presentes nas favelas – o que chamamos de legado. (isso é a comunidade e seu jeito de sobreviver) Isso é o contrário da vulnerabilidade. Quanto menos a família é vulnerável mais ela tem segurança e pode se desenvolver. Entendemos o legado como um conjunto de elementos que garantem uma possibilidade de desenvolvimento. A nossa forma de entender não é aquela de que pobre é quem não tem recurso, ou aquele que está excluído do processo. Pobre é aquele que não tem possibilidade de desenvolver os talentos que ele já possui. Nessa lógica o que precisamos e integração, valorização dos nossos moradores, garantia de direitos, preservação da vida, ocupação do espaço urbano e exercício do direito social.
Raíssa Silveira de Melo, é jornalista com especialização em sociologia política pela Universidade Federal do Paraná, empreendedora social e militante de causas sociais











Um comentário:

  1. Muito boa reflexão e direcionamento sobre a realidade histórica das favelas e a triste atualidade do senso comum.

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