quarta-feira, 9 de março de 2016

Grafite no CAPS de Toledo-PR: Uma ferramenta da Arteterapia

À convite da arte-terapeuta Ironice Alves de Matos, iniciamos, em 2014, os trabalhos com grafite no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Dr. Jorge Nisiide de Toledo-PR. Como atividade experimental, o objetivo era apresentar o grafite aos pacientes que já desenvolviam diversas atividades terapêuticas vinculadas à arte, como o artesanato, oportunizando uma nova possibilidade de terapia, a partir da articulação entre desenho e pintura, sob a técnica do grafite.

Com a alta adesão de participantes e a reivindicação pela continuidade do curso de grafite, em 2015, viabilizada pela CUFA Toledo, sob a coordenação de Isaac Souza de Jesus, o grafite tornou-se uma ação contínua no âmbito da arteterapia. Atualmente, a atividade é ministrada pelo Grafiteiro Isaac Souza de Jesus e acompanhada pela equipe multiprofissional existente no CAPS (arteterapeuta, psiquiatra, psicóloga, assistente social etc.).

Os alunos são os pacientes que fazem acompanhamento permanente no CAPS – ao todo 6 pessoas. Eles necessitam de atendimento por questão de saúde mental e o grafite vem como forma de intervenção visando à melhora dos pacientes.

Nessas oficinas, trabalhamos a história do grafite, os materiais a serem utilizados nessa arte, as possíveis técnicas, cores e sombreamento, exercícios de aprendizagem em tecidos, muros, móveis e outras superfícies.

Geralmente, os alunos desenvolvem seus grafites a partir de uma temática. Inicialmente, são realizados debates sobre o tema, instigando os participantes sobre o assunto e definindo o que cada um quer comunicar com a sua produção. Esse debate é materializado sob a forma de desenhos e cores em papel e, em seguida, inicia-se o processo de desenvolvimento do grafite no local definido previamente, como paredes, muros, móveis, paletes, tecidos e/ou outros objetos para decoração.

Ainda, muitos dos temas escolhidos a serem trabalhados partem de datas comemorativas, como Dia Internacional da Mulher.





Fotos: Oficina de Grafite na CAPS. Grafites realizados em especial ao Dia Internacional da Mulher.

Vale ressaltar, também, que muitos trabalhos também são de livre iniciativa e escolha do participante. Temos como princípio a liberdade de expressão e a garantia dessa potencialidade a todo ser humano, independentemente de sua condição social, econômica, política e cultural. Com isso, compreendemos o grafite além de técnica de pintura; torna-se uma metodologia de trabalho social, inserida nas ações de arteterapia proposta pelo CAPS, em que cada realidade dos participantes, seus valores, ideias e pensamentos são respeitados e considerados nesse processo de criação.

Com essa ação, os participantes se envolvem, se expressam, colocam as suas verdades e suas fragilidades e, como maior benefício, consequente desse processo, têm sua sociabilidade ampliada e sua saúde mental apresenta melhora significativa.

A partir dessas oficinas, posso garantir que o ser humano é incrivelmente capaz de criar, de produzir coisas a partir de uma simples troca. Expressar sentimentos através das cores, nos permite olhar com verdade e gratidão à vida e aos laços que nos unem como pessoas.
Isaac Souza de Jesus.


Texto: Karen Cogo
Contato: jose.cufaparana@gmail.com

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