À convite da arte-terapeuta Ironice Alves de Matos, iniciamos, em
2014, os trabalhos com grafite no
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Dr. Jorge Nisiide de Toledo-PR. Como atividade experimental, o objetivo era
apresentar o grafite aos pacientes que já desenvolviam diversas atividades terapêuticas
vinculadas à arte, como o artesanato, oportunizando uma nova possibilidade de
terapia, a partir da articulação entre desenho e pintura, sob a técnica do
grafite.
Com a alta adesão de participantes e a reivindicação pela
continuidade do curso de grafite, em 2015, viabilizada pela CUFA Toledo, sob a
coordenação de Isaac Souza de Jesus, o grafite tornou-se uma ação contínua no
âmbito da arteterapia. Atualmente, a atividade é ministrada pelo Grafiteiro
Isaac Souza de Jesus e acompanhada pela equipe multiprofissional existente no
CAPS (arteterapeuta, psiquiatra, psicóloga, assistente social etc.).
Os alunos são os pacientes que fazem acompanhamento permanente
no CAPS – ao todo 6 pessoas. Eles necessitam de atendimento por questão de
saúde mental e o grafite vem como forma de intervenção visando à melhora dos
pacientes.
Nessas oficinas, trabalhamos a história do grafite, os materiais
a serem utilizados nessa arte, as possíveis técnicas, cores e sombreamento, exercícios
de aprendizagem em tecidos, muros, móveis e outras superfícies.
Geralmente, os alunos desenvolvem seus grafites a partir de uma
temática. Inicialmente, são realizados debates sobre o tema, instigando os
participantes sobre o assunto e definindo o que cada um quer comunicar com a
sua produção. Esse debate é materializado sob a forma de desenhos e cores em
papel e, em seguida, inicia-se o processo de desenvolvimento do grafite no
local definido previamente, como paredes, muros, móveis, paletes, tecidos e/ou
outros objetos para decoração.
Ainda, muitos dos
temas escolhidos a serem trabalhados partem de datas comemorativas, como Dia
Internacional da Mulher.
Fotos: Oficina de Grafite na CAPS. Grafites realizados em especial ao Dia Internacional da Mulher.
Vale ressaltar,
também, que muitos trabalhos também são de livre iniciativa e escolha do
participante. Temos como princípio a liberdade de expressão e a garantia dessa
potencialidade a todo ser humano, independentemente de sua condição social, econômica,
política e cultural. Com isso, compreendemos o grafite além de técnica de
pintura; torna-se uma metodologia de trabalho social, inserida nas ações de arteterapia
proposta pelo CAPS, em que cada realidade dos participantes, seus valores,
ideias e pensamentos são respeitados e considerados nesse processo de criação.
Com essa ação, os
participantes se envolvem, se expressam, colocam as suas verdades e suas
fragilidades e, como maior benefício, consequente desse processo, têm sua sociabilidade
ampliada e sua saúde mental apresenta melhora significativa.
A partir dessas
oficinas, posso garantir que o ser humano é incrivelmente capaz de criar, de produzir
coisas a partir de uma simples troca. Expressar sentimentos através das cores,
nos permite olhar com verdade e gratidão à vida e aos laços que nos unem como pessoas.
Texto: Karen Cogo
Contato: jose.cufaparana@gmail.com