Versos/Prosas
e Favela | Por Adriana de Carvalho Medeiros
Apesar da instituição
da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), da Lei
do Feminicídio (Lei 8305/14) e de diversos dispositivos como surgimento
da Delegacia da Mulher, os índices continuam crescendo alarmantemente mostrando
a cultura de terror a que são submetidas um número considerável de mulheres em
todos país.
O dia 8 de março, dia
em que se comemora Dia Internacional da Mulher, entretanto, no
Brasil não temos muito o que comemorar. O balanço realizado pela Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República em 2016, indica que o
Brasil continua sendo país campeão em violência contra a mulher. Em 2015 foram
registrados a partir do Ligue 190 um total de 63.090 denúncias de agressões.
Destes, o grupo mais afetado refere-se a mulheres negras que correspondem a
58,55% do total das denúncias realizadas. Fazem parte deste registro violência
física, violência psicológica (30,40%), violência moral (7,33%), violência
sexual (4,86%) e até mesmo 3.071 denúncias de cárcere
privado (1,76%).
Estes dados se tornam
mais assustadores ao levarmos em consideração que 85,85% dos casos se referem a
violência doméstica e familiar, e que das 77% das mulheres que são mães e em
80% dos casos os filhos assistiram ato de violência ou mesmo, foram expostos a
violência familiar. Neste sentido, alertamos que o número pode ser muito maior
se levarmos em consideração que um grande número de mulheres continua não registrando
queixa contra seus agressores por diversos motivos: ameaças, dependência
afetiva e financeira, tortura psicológica, etc.
Importante notar que
apesar de termos avançado muito quanto a compreensão da importância da mulher
na sociedade atual e seus direitos, ainda existe muito a se conquistar. As
mulheres ainda integram grupo considerado “minoria” que é discriminado e
violentado cotidianamente por uma cultura que ainda guarda ranços de uma sociedade patriarcal e autoritária onde mulheres e
escravos eram considerados objetos sem direitos e vontade própria.
Diferentemente do machismo que mata todos os dias, o feminismo a partir da
denúncia da cultura machista e violenta tem contribuído para salvar vidas. E os
índices continuam demonstrando que é necessário defender e preservar a
integridade fisica, moral e psicológica das mulheres no Brasil. Fonte: Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República/ Atlas da Violência
2016.
Adriana é professora universitária, ativista, mestra e doutorando.
Adriana é professora universitária, ativista, mestra e doutorando.
O projeto
- Versos/Prosas
e Favela | foi idealizado por Zé da Cufa que é Presidente Estadual
da Cufa Paraná, psicólogo, pastor e ativista em favor de reflexões e ações de
combate aos excluído e marginalizados.
E-mail: jose.cufaparana@gmail.com