Versos |
Prosas - Por Raíssa
Silveira de Melo
O termo favela, se origina de uma planta com o mesmo
nome que era comum nas áreas ainda não industrializadas das grandes cidades. A
favela também é utilizada por religiões de matriz Africana para proteção, afastar
o mal e trazer força. Favela também faz referência aos soldados baianos que
lutaram na guerra dos Canudos em 1897 e não receberam o dinheiro prometido pelo
governo e tiveram que improvisar suas vidas e moradias em regiões não atendidas
pelas autoridades.
Hoje falar favela, remete a um conjunto de casas
pobres, pessoas com baixa renda e principalmente lugar violento e origem dos
problemas de violência das grandes cidades.
Mas favela não é origem, favela é
consequência. fc(só é origem de
quem nasceu lá, e sabe todos os valores, os corres de cada morador das favelas.
Um salve pra todos os favelados do Brasil).
No conceito popular, falar de favela é falar de
ausência, lugar destituído de infraestrutura urbana - esgoto, luz, água,
escolas, unidades de saúde, coleta de lixo, ausência de direitos, ausência de
leis, escolha de ausência do poder público. Mas falar de favela para comunidade
favelada é falar de luta. É organização popular, é requerer direitos básicos de
qualidade de vida e cidadania, é a luta pela ocupação do espaço urbano em
conjunto com o direito social.
Favelas no Paraná - O Paraná possui 308 áreas de moradias caracterizadas como
favelas ou áreas de invasão, distribuídas principalmente por 13 municípios do
Estado. A maioria, 72,40% destes espaços urbanos ficam em Curitiba. São 223
favelas onde residem 162.679 pessoas divididas em 46.806 moradias. Ao todo,
217.223 paranaenses residem em 61.807 casas erguidas em áreas sem serviços
básicos, segundo a Pesquisa Censo 2015 – Informações Territoriais: Aglomerados
Subnormais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
De acordo com os
dados do Censo, a média de moradores por residência nas favelas de Curitiba é
de 3,5 pessoas. Essa é a mesma média nacional e também a do Estado. A maioria
dos moradores das favelas, tanto brasileiras, quanto paranaense e curitibanas,
é de mulheres. Em Curitiba, são 82.368
mulheres para 80.311 homens. No Paraná a relação é de 109.701 mulheres para
107.522 homens e no Brasil, são 5.853.404 mulheres para 5.572.240 homens. Os números refletem o censo demográfico que
aponta um maior número de brasileiras no País. A faixa etária predominante nas
favelas é de 20 a 29 e de 30 a 39 anos.
Em Curitiba e no
Paraná as casas ou barracos estão próximos a rios, sob linhas de transmissão de
energia, à margem de faixas de ferrovias, sobre aterros sanitários ou à margem
de faixas de rodovia.
Outra forma de
pensar a Favela - Favela é luta, mas não podemos esquecer-nos dos pontos
positivos criados a partir da resistência. A identificação dos fatores
positivos que estão presentes nas favelas – o que chamamos de legado. (isso é a
comunidade e seu jeito de sobreviver) Isso é o contrário da vulnerabilidade.
Quanto menos a família é vulnerável mais ela tem segurança e pode se
desenvolver. Entendemos o legado como um conjunto de elementos que garantem uma
possibilidade de desenvolvimento. A nossa forma de entender não é aquela de que
pobre é quem não tem recurso, ou aquele que está excluído do processo. Pobre é
aquele que não tem possibilidade de desenvolver os talentos que ele já possui.
Nessa lógica o que precisamos e integração, valorização dos nossos moradores,
garantia de direitos, preservação da vida, ocupação do espaço urbano e
exercício do direito social.
Raíssa Silveira de Melo, é jornalista com especialização em sociologia
política pela Universidade Federal do Paraná, empreendedora social e militante
de causas sociais