Versos | Prosas - Por Isaac Silva dos
Santos.
Morte, violência, drogas, desigualdade,
destruições, marginalidade, pobreza e miséria são sempre sinônimos na voz de
uma sociedade alienada, midiática e por que não ignorante de fatos que
acontecem nas favelas brasileiras. Torna-se comum indivíduos descreverem a favela como lugar de raça negras e de
classe social baixa, ou seja, lugar do pobre e do negro.
A favela é sim uma grande verdade de demandas de pobres e negros,
entretanto, seria esse o pior lugar do mundo para viver?
Porque é pejorativo como um local indigno
de sobreviver, de educar filhos? No texto Sobrevivente da selva de pedra, o
autor José Antonio C. Jardim, descreve uma favela com grande potencial social,
cultural e econômico. A obra apresenta fatos que ajudam a desmitificar a favela
como lugar de violência, alienação e bandidagem. A reflexão ainda propõe uma
aproximação da realidade de quem sobrevive nestes locais a “selva de pedra” que
por vezes são ignorado politicamente, culturalmente e socialmente, ou seja, um
povo estigmatizado pela pele, classes social e localidades. O autor conclui sua
análise, descrevendo que a grande massa da favela, não deveriam ser
representada pela pequena porcentagem marginais que se escondem e objetivam
recrutarem meninos e meninas para o crime.
Precisamos compreender que a proposta se
torna irrecusável por dinheiro “fácil” ou como forma de auxiliarem financeiramente suas famílias.
Percebe-se que os jovens favelados são tão sonhadores como qualquer outros fora
desta realidade, todavia, os moradores da favela são sim, verdadeiros
guerreiros que lutam diariamente contra um estigma empobrecedor e buscam seu
lugar como qualquer outro individuo para proteger e cuidar de sua prole. Os
funkeiros Dinho & Doca versam: “Eu só quero é ser feliz, andar
tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar, e ter a
consciência que o pobre tem seu lugar.” Hoje, nesta reflexão percebo a
problemática de propor uma intervenção diante de tantas colocações de que
favela seja como o câncer de uma sociedade, que vivem lá quem quer, que
precisam ir para bem longe, para não enfeiar a nossa cidade. Será?
Como aproximar uma realidade negligenciada,
muitas vezes corrompida e muito mais emblemáticas que o povo da favela. Não há
como negligenciar que a discriminação racial e social, que também é herança
histórica e que sempre esteve ligada aos interesses políticos e econômicos,
somada ao processo tardio e passivo da abolição da escravatura e exploração de
mão de obra barato, como consequência esse efeito trouxe para os dias atuais a
visão naturalista das desigualdades entre brancos e negros, entre classes e
localidade, provocando as diferenças de oportunidades até mesmo no desempenho
educacional, demarcando um traço de inferioridade socioeconômica.
É inegável ao se analisar a história do
Brasil e sua formação tanto cultural, como social e econômica, a importância e
a participação ativa da população pobre e negra neste processo. Entretanto,
desde a forma como foram divididos as classes sociais no Brasil, cuja
trajetória é marcada pela quase inexistência de políticas públicas para
reverter os lastimados dados ora apresentados, que refletem uma realidade de
total exclusão dos menos favorecidos na sociedade ativa.
Atualmente a sociedade deva atentar para a
importância de ações afirmativas como as urbanizações, saúde, acessibilidade,
educação, saneamento básico e etc. Neste sentido é indiscutível a importância
da aproximação da sociedade, com realidade obtidas de relatos e informações dos
moradores e não de senso comum ou mídias que empobrecem a favela, e afastam os
olhares de política pública a ser utilizada para diminuir esse abismo social
entre a população favelada e as demais etnias que compõem a sociedade
brasileira.
Isaac
é psicólogo, pastor e ativista em favor das questões
afro-brasileira.
Contato: jose.cufaparana@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário