Às manifestações racistas contra as
participantes do concurso de beleza Top Cufa, em Brasília. A Central Única das
Favelas (CUFA) e o Núcleo Feminino da instituição repudiam veementemente os
ataques racistas destinados às modelos participantes da primeira seletiva do
Top CUFA-DF, no Shopping JK, em Brasília, que ocorreu no último sábado, dia 13
de outubro. A organização do evento foi informada de atos de racismo realizados
em um grupo de WhatsApp com ofensas direcionadas às nossas candidatas negras. Já
encaminhamos o caso para as autoridades competentes, que esperamos que tomem as
medidas necessárias. Mas queremos manifestar a nossa grande preocupação com a
onda de casos parecidos com esse que vem se alastrando por todo o Brasil, e
marcar a nossa posição de que, continuaremos sem medir esforços para ajudar a
frear esta onda e combatê-la.
A CUFA busca, por meio desta
iniciativa e de tantas outras, promover a autoestima e o protagonismo da
população negra e moradores de favelas. Transformando assim a realidade dos
seus habitantes. Com isso mostrar para o Brasil e o mundo que a favela é um
território de potência e não de carência. Participaram do evento, no Shopping
JK, 180 moças 16 a 25 anos, todas moradoras de favelas. Nós repudiamos esses
atos e cobraremos dos responsáveis. É importante lembrar que racismo no Brasil
é crime inafiançável, previsto na lei, com pena de até três anos. O artigo 5º
da Constituição Federal, inciso 42, prevê que “a prática do racismo constitui
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei”. Já o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 140, parágrafo 3, descreve
que “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência”, a pena é de reclusão de um a três anos, mais uma multa.
Ressaltamos ainda que que crimes
realizados em redes sociais são passíveis de identificação e punição. Estar em
rede não significa estar invisível ou livre de responsabilidade. Por fim,
lamentamos o ocorrido e reafirmamos que seguimos a nossa luta de tornar o
Brasil um país mais plural, diversificado, inclusivo e com menos ódio, através
do trabalho que desenvolvemos em favelas e periferias de mais de 400 cidades do
país e do mundo.
Núcleo Feminino da Central Única das
Favelas do Brasil
E-mail: contato.cufaparana@gmail.com
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