terça-feira, 23 de outubro de 2018

Nota de repudio da Central Única das Favelas do Brasil – CUFA

Às manifestações racistas contra as participantes do concurso de beleza Top Cufa, em Brasília. A Central Única das Favelas (CUFA) e o Núcleo Feminino da instituição repudiam veementemente os ataques racistas destinados às modelos participantes da primeira seletiva do Top CUFA-DF, no Shopping JK, em Brasília, que ocorreu no último sábado, dia 13 de outubro. A organização do evento foi informada de atos de racismo realizados em um grupo de WhatsApp com ofensas direcionadas às nossas candidatas negras. Já encaminhamos o caso para as autoridades competentes, que esperamos que tomem as medidas necessárias. Mas queremos manifestar a nossa grande preocupação com a onda de casos parecidos com esse que vem se alastrando por todo o Brasil, e marcar a nossa posição de que, continuaremos sem medir esforços para ajudar a frear esta onda e combatê-la.

A CUFA busca, por meio desta iniciativa e de tantas outras, promover a autoestima e o protagonismo da população negra e moradores de favelas. Transformando assim a realidade dos seus habitantes. Com isso mostrar para o Brasil e o mundo que a favela é um território de potência e não de carência. Participaram do evento, no Shopping JK, 180 moças 16 a 25 anos, todas moradoras de favelas. Nós repudiamos esses atos e cobraremos dos responsáveis. É importante lembrar que racismo no Brasil é crime inafiançável, previsto na lei, com pena de até três anos. O artigo 5º da Constituição Federal, inciso 42, prevê que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. Já o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 140, parágrafo 3, descreve que “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”, a pena é de reclusão de um a três anos, mais uma multa.

Ressaltamos ainda que que crimes realizados em redes sociais são passíveis de identificação e punição. Estar em rede não significa estar invisível ou livre de responsabilidade. Por fim, lamentamos o ocorrido e reafirmamos que seguimos a nossa luta de tornar o Brasil um país mais plural, diversificado, inclusivo e com menos ódio, através do trabalho que desenvolvemos em favelas e periferias de mais de 400 cidades do país e do mundo.
Núcleo Feminino da Central Única das Favelas do Brasil


E-mail: contato.cufaparana@gmail.com

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